Parecia que iria doer muito mais,
Do que realmente doeu.
Tive medo do frio e do escuro,
E da solidão que bateu.
Aprendi andar pelo breu, e
Devagar fui me aquecendo.
E a sensação de estar só,
Logo foi desaparecendo.
Nem o pranto tão esperado,
Desaguou como era previsto.
Nem lamento, nem desespero,
Tudo bem como um imprevisto.
Respirando fundo, indo devagar,
Preparando a alma pra não se entregar,
Dando passos lentos pra não tropeçar,
Continuei-me indo, sempre a caminhar.
E a dor diminuíra, e já não pesava tanto,
E já pude ver luz que surgia em qualquer canto,
Tomei para mim minha própria rédea,
Me guiei de novo, resolvi seguir,
Cada vez mais firme, sem me permitir
Chorar, sofrer e lamentar.
Tudo aquilo que me fez parar,
E temer seguir, quando devia andar,
Foi ficando pra trás, longe, distante.
Percebi ser forte nesse mesmo instante.
Quando soube de verdade,
Qual era o meu real tamanho,
Confesso ter me espantado,
E por pouco até achei estranho.
Fui bem maior do que pudera ser.
Levei comigo o que pude levar.
Não tive tempo pra me arrepender,
Pois percebi que precisava amar.
Amar de novo, querer também
Ser de todo mundo, não ser de ninguém,
Ter amor sobrando, pra poder doar...
Pois amando uma vez, quis de novo amar.
E aquela tristeza de outrora passou.
Quando dei por mim, já não era escuro,
Não tinha mais frio, a alma esquentou,
E senti meu peito agora mais seguro.
Não sinto mais medo, nem sinto mais dor,
Pois a tristeza acaba onde começa o amor.
KARINA POPOVICZ