domingo, 27 de março de 2011

INSATISFAÇÃO

Eu quis amar a mais que pude,
E pude amar ainda mais que quis.
E quis amar ainda a mais que pude,
E quis poder amar ainda mais,
E fui amando
Amar; amei ,
O mais que pude , o mais que quis!
E quis amar ainda mais,
De amar, ainda não me satisfiz.

KARINA POPOVICZ

VERDE

Em tons de verde se manifestava,
Uma alegria louca que me dominava,
E com ares de leveza, em mim deslizava.
E com tal velocidade se multiplicava,
Que tudo agora era verde por onde eu andava.

KARINA POPOVICZ

INSENSATEZ

Mas que falta de senso prático,
Ir pela via, na contramão,
Depois, eu que sou lunático,
Pelo menos eu, tenho direção.

Mas que falta de senso crítico,
Andar por aí posando de louco,
Até mesmo o menos analítico,
Deve achar tudo isso muito pouco.

Cadê o seu senso de justiça?
Não se nega ajuda a quem te pede.
Parece descaso, sugere preguiça,
Tua sorte é que egoísmo não se mede.

E que dizer do teu senso de humor?
Não tem do negro, nem do colorido,
Deve ser por isso que te falta amor,
Desconfio que nem te seja merecido.

KARINA POPOVICZ

domingo, 20 de março de 2011

ANTISSOCIAL

Eu escrevi o que não deveria ter dito
E ainda bem que eu não disse
Mas o pior é que deixei escrito
Embora ninguem ,a mim, permitisse
De palavras sinceras me faço
Engolindo umas dez verdades por vez
E como não querem saber do fracasso
Não posso dizer o que penso a vocês
Mas por aqui deixarei escrito
Aquilo que de fato não posso dizer
Qualquer hora dessas, enlouqueço e grito
Dessa forma, por mim, haverão de saber
Que ao lhe oferecerem as simpatias
E parecerem assim, lhes admirar
Não passam de cobras, astutas, esguias
Serpenteando na arte de dissimular.

KARINA POPOVICZ

A ENTREGA

Eu quero sempre estar em primeiro lugar...
Se for assim, sou tua!
Se assim não for, sou minha.
Eu posso ser senhora de mim,
Mas nem por isso quero ser sozinha.
Eu posso ser de todo tua,
Se fores ser de todo meu.
Dou tudo que sou a quem escolhi,
Escolho aquele a quem me mereceu.

KARINA POPOVICZ
BEM NESSE DIA!!!  : D

EU SONHEI VOCÊ

Eu sonhei teus olhos quando vi o mar.
Entrei dentro deles,
Mergulhei sem medo.
Deixando somente a maré me levar.

Eu sonhei teus cabelos quando vi o vento.
Eu abri meus braços,
Pra sentir passar,
E guardar o teu cheiro no meu pensamento.

Eu sonhei teus lábios quando vi o mel.
Provei com vontade,
Eu guardei teu gosto,
Pra reconhecer quando encontrar o céu.


KARINA POPOVICZ

NUMA MÁ HORA

Ai meu Deus que desgraça,
Eu te conhecer assim...
Não teve tempo pra mim,
E mesmo assim, teve graça.

Muito melhor teria sido,
Se fosse em outro momento,
Bem longe o meu pensamento
De rock and roll, ou ruído.

Preferia que fosse outra hora,
Também em outro lugar,
Eu sem ver, você sem mostrar,
Ah, porque ser aqui, e agora?

Mesmo quando tenho sorte,
Eu acabo levando azar.
Conhecer você nesse bar,
Nessa hora assim, tão sem norte.

Você era pra ser conhecido,
Numa manhã bem iluminada,
Andando por uma calçada,
Sem terno, eu, sem vestido.


KARINA POPOVICZ

domingo, 13 de março de 2011

DESFORRA

Começou assim; ainda criança,
E foi sendo esculpida, como uma lança.

Fiz nos seus cabelos uma linda trança,
Fomos envolvidos numa bela dança ,
Vimos os caminhos da desesperança,
E assim fui tecendo a minha vingança.

Estivemos juntos, numa vizinhança,
Nos tornamos cúmplices numa aliança,
Se fez tempestade e se fez bonança,
Violenta e tórrida é minha lembrança.

Pra ter liberdade, eu paguei fiança.
Mera coincidência tanta semelhança?

Junto com a destreza e a desconfiança,
Ganhei um cardápio, tido como herança,
Não bastasse assim, tamanha abastança,
Desse prato frio, enchi minha pança.

KARINA POPOVICZ

INTERMITÊNCIA

Já não vejo flores há muito tempo.
Já não sinto frio, não tenho sonhado.
Dias cinzentos e meus olhos úmidos,
E o coração batendo abafado.

Ouço uma bulha,
Penso que vivo.
Sobrevivo mesmo após ter me matado.

Coração dilata e não altera o pulso,
Coração contrai, muito apertado.
Sístoles marcando compassos tristes,
Diástoles em tempo desordenado.

Já não sinto mais nenhum perfume.
Já não fico mais embriagado.
Meus ouvidos já não ouvem música.
E meu coração bate descompassado.

Ouço outra bulha,
Penso que vivo,
Mas não vivo mais, sobrevivo,

Perco os sentidos,
Penso que vivo,
Mas não vivo mais, sobrevivo.
KARINA POPOVICZ

MANHÃ DE EUFORIA

Acordei como quem sonhava,
Com o rosto esticado em risos,
Deixando em asfaltos e pisos,
Pegadas de quem  flutuava.

Estradas, e rumos,caminhos,
Por onde a ocasião me permite,
Não quero ter planos feitinhos,
Quero ir, e ir mais,sem limite.

De repente, me falta vontade,
Desentusiasmada, paro e me sento...
Não quero mais seguir em frente (agora)
E olho a estrada, e choro e lamento.

Dias feios tambem tem beleza,
Horas quase morro de alegria,
Horas  quase morro de tristeza,
E quantas vezes foi esse o meu dia...


KARINA POPOVICZ

O ABISMO E O VULCÃO

Eis que retorno à beira desse mesmo abismo
Abismo em que outrora já beirava, eu,
Quando nascida mais forte, depois da última morte
Volto a beirar essa imensidão.

Ando sem medo, beiro o perigo
Não me assusta o vazio, nem a solidão.
Antes de vir à esse precipício, estive andando à beira de um vulcão
E tomei para mim coragem.

Sei do tamanho do voo, sei do impacto da queda
Mas insisto em me atirar de cabeça
Já acostumei meu corpo com as pedras
E meus olhos vão abertos, para que eu jamais esqueça.

Tão queimada de lava, pele fina e sensível
Quero essas águas refrescando minha alma
Ora esse vazio me destrói, ora o vazio me acalma
E a minha velha companheira, solidão me faz companhia.

Abandonarei o meu corpo daqui muito em breve.
Pois se aqui não estou, estou a me queimar,
Com o corpo tomado em lava à latejar.
E no fim dessa morte, eu renasço de novo, beirando esse mesmo abismo de outrora.

KARINA POPOVICZ

ÓDIO MORTAL

Estou prometendo te arrancar os olhos,
E também vou extirpar teu fígado.
Vou por fogo nos cabelos e piolhos
E aumentar a cada grau centígrado,
A imensa raiva que quero sentir.

Te matar apenas, não me é suficiente,
Quero esquartejar teu corpo inteiro,
Vivo ainda, te arrancar dente por dente.
Ou qualquer ideia que tiver primeiro,
De te torturar, para me divertir.

Quero ver você morrer se esvaindo,
Suplicando pela minha compaixão.
Ah, nessa hora eu estarei  me rindo,
E com a boca cheia, te dizendo não.
Eu não tenho piedade, não adianta insistir.

KARINA POPOVICZ

PROMESSA DE AMOR

Seja meu, seja pra mim.
Lhe prometo meu amor sem fim.

Me deixe ficar radiante,
Cante e dance comigo.
Seja meu melhor amante,
Seja meu melhor amigo.

Fique do meu lado,
Nunca me abandone.
Serás sempre amado,
Quer que eu te impressione?

Morra de amor por mim,
E eu morro de amor por você.
Se quiser pode ser assim,
Ou posso ser menos clichê.

Mas seja meu por inteiro, todo, todinho
Nunca te farei triste, nem te deixarei sozinho.

KARINA POPOVICZ

A TRAVESSIA

Parecia que iria doer muito mais,
Do que realmente doeu.
Tive medo do frio e do escuro,
E da solidão que bateu.
Aprendi andar pelo breu, e
Devagar fui me aquecendo.
E a sensação de estar só,
Logo foi desaparecendo.
Nem o pranto tão esperado,
Desaguou como era previsto.
Nem lamento, nem desespero,
Tudo bem como um imprevisto.
Respirando fundo, indo devagar,
Preparando a alma pra não se entregar,
Dando passos lentos pra não tropeçar,
Continuei-me indo, sempre a caminhar.
E a dor diminuíra, e já não pesava tanto,
E já pude ver luz que surgia em qualquer canto,
Tomei para mim minha própria rédea,
Me guiei de novo, resolvi seguir,
Cada vez mais firme, sem me permitir
Chorar, sofrer e lamentar.
Tudo aquilo que me fez parar,
E temer seguir, quando devia andar,
Foi ficando pra trás, longe, distante.
Percebi ser forte nesse mesmo instante.
Quando soube de verdade,
Qual era o meu real tamanho,
Confesso ter me espantado,
E por pouco até achei estranho.
Fui bem maior do que pudera ser.
Levei comigo o que pude levar.
Não tive tempo pra me arrepender,
Pois percebi  que precisava amar.
Amar de novo, querer também
Ser de todo mundo, não ser de ninguém,
Ter amor sobrando, pra poder doar...
Pois amando uma vez, quis de novo amar.
E aquela tristeza de outrora passou.
Quando dei por mim, já não era escuro,
Não tinha mais frio,  a alma esquentou,
E senti meu peito agora mais seguro.
Não sinto mais medo, nem sinto mais dor,
Pois a tristeza acaba onde começa o amor.


KARINA POPOVICZ

VONTADES VORAZES


Por entre os lençóis,
Ocupando toda a cama,
Me enrosco em teus anzóis,
Ponho  acesa tua chama.

Sinto a pele arder em brasa,
No nu mais desinibido,
Num desejo que extravasa,
Incandescendo a libido.

Boto fogo, boto lenha,
Deito e rolo em tua pele,
E não há o que me detenha!
Nem tampouco, me interpele.

Não há onde eu não me perca,
Boca, mão, cabelo, cheiro,
Fomos presos numa cerca,
Somos parte de um roteiro.

Em suspiros e gemidos,
Musicamos o momento.
Passo que lhe sou rendido,
Dou-te até meu pensamento.


KARINA POPOVICZ